Em
uma rápida entrevista à equipe de comunicação do Colégio La Salle Águas Claras, Fossatti, que é o reitor da Unilasalle
Canoas, falou sobre os desafios, a importância das experiências e o papel da
família na educação.
Qual é o maior desafio da Escola
Lassalista do século XXI?
O
maior desafio hoje é de fato nós superarmos uma cultura que tem por foco
conteúdo, não o menosprezando, mas que transformando-o em um meio para
desenvolver competências que a sociedade, o mundo, o mercado e as pessoas de
fato precisam. Conteúdo por si só não potencializa o ser humano, agora o
conteúdo junto com os valores da nossa filosofia Lassalista, junto com
habilidades, com o conhecimento que nós produzimos, vão resultar em pessoas
competentes. E pessoa competente na ordem técnica, na condição humana, de fato
vivenciando os grandes valores humanos, e na gestão de habilidades. Comunicação,
respeito, cultura da paz, cidadania, o ser ético, precisam ser desenvolvidos o
tempo inteiro, e essas só se passam pela experiência, não vem através de
conteúdo. Então a escola precisa sim recuperar o lugar da experiência que
produza sentido na vida dos estudantes e também dos professores.
Você acredita que os professores estão
preparados para fazer com que os estudantes vivenciem essas experiências?
A
própria universidade já prepara muito o professor para professar. Ela se
preocupa muito com conteúdos e quando isso acontece ela forma apenas o
professor, aquele que vai professar algo. Hoje, com a tecnologia da informação, essa fase já foi superada. O educador tem que
ministrar, selecionar dentro de uma gama de conteúdos o que vai se incorporar
dentro do projeto de vida dos nosso estudantes. Ele precisa ensiná-los a ter
senso crítico E aí porque o professor entra em crise? Porque ele foi ensinado a
professar conteúdos que não tem significado nenhum, que não favorecem a
experiência. E é aí que se forma crise da implosão da sala de aula. Quando o
professor passar dessa função para se
tornar educador, para aquilo que eu chamo de “desing educativo”, ou seja, um
facilitador, administrador de conflitos de interesse entre mercado, família,
escola e estudante, aí ele vai conseguir superar aquele conceito de que a aula
é só para passar conteúdo. A aula se utiliza do conteúdo para propiciar
vivências. Estamos na emergência de uma nova cultura, de uma identidade
institucional e de uma identidade docente. Nesse período de transição, ser
professor já não resolve mais. O período de transição ainda causa mal estar.
Qual o papel da família nesse
processo? O que ela deve fazer para facilitar a vivência dessas novas
experiências?
Desenvolver
habilidades, competências e valores é também papel da família. Eu as vezes
brinco que nós também deveríamos ter um boletim para pai e mãe, ou o
responsável do estudante, para ver como
ele também está se comprometendo, se incluindo, participando do processo
educativo. Porque a nossa concepção não é só de uma escola, mas de uma comunidade
educativa, e comunidade se faz com pessoas e grupo de pessoas.
As famílias também precisam ser educadas, e nós precisamos encontrar formas de envolvê-la no processo educativo. Todos os pais tem alguma habilidade, ao menos uma competências que se saliente. Se nós, por exemplo, começarmos a convidar a participar de um programa voluntário para serem educadores conosco, ali seria o primeiro passo para quebrar o estereótipo de que a educação compete somente à escola. Aí estaríamos quebrando essa fronteira que ainda dicotomiza escola e família.