27/05/2025

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Obra de professora é premiada em Feira Internacional

Obra de professora é premiada em Feira Internacional

A professora de Língua Portuguesa do Colégio La Salle de Xanxerê e escritora Rossaly Beatriz Chioquetta Lorenset comemora mais uma conquista do seu recém-lançado “Leitura e cárcere: (entre) linhas e grades, o leitor preso e a remição de pena”, (editora Appris). O ensaio da autora sobre o tema de seu livro foi selecionado no Prêmio Literário “Don Meco – Dietro le Sbarre”, organizado pelas instituições italianas Fórum do Terceiro Setor do Piemonte e Salesianos para o Bem-Estar Social.

Os vencedores foram anunciados durante a Feira Internacional do Livro de Turim, na Itália, que ocorreu entre 15 e 19 de maio, e terão seus trabalhos publicados em livro oficial do concurso naquele país. Participaram mais de 850 autores, dos 34 premiados, que escreveram poemas, contos e ensaios sobre o tema “Atrás das grades”.


"Fico muito feliz que meu ensaio intitulado 'A leitura pode ser uma sentença de liberdade?' recebeu esta premiação na Itália. Essa conquista se traduz em convite para eu continuar com paixão a trilhar os caminhos das letras”, disse a professora Rossaly, doutora em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

 

O livro “Leitura e cárcere”, que estará disponível no estande da Editora Appris na Bienal do Livro Rio 2025, conduz à reflexão sobre desigualdade social, funcionamento dos sistemas de segurança e de justiça, condições dos espaços de privação de liberdade e fins e justificativas da pena. E conta a impactante experiência da autora durante entrevistas com presos em projeto de extensão de leitura que coordenou durante cinco anos no curso de Direito da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc Xanxerê).

Resultado do trabalho de doutorado da autora na UFSC, o livro lança luz a um problema latente da Justiça brasileira: o país ocupa o terceiro lugar, não honroso, no ranking dos países que mais encarceram no mundo. A Lei de Execução Penal (LEP), que completa 41 anos em 2025, dispõe sobre a remição de parte do tempo de execução da pena por estudo ou trabalho: a cada livro lido, quatro dias a menos atrás das grades.

“A remição de pena por meio de leitura foi introduzida, em 2011, no contexto do sistema penal porque não havia nem trabalho nem escola para os presos. A função da leitura nesse contexto não foi por benesse, havia um vazio já no sistema que deveria ser tratado. A possibilidade de diminuir dias de pena de condenados pela Justiça por meio da leitura não demandava investir financeiramente no sistema prisional, bastava dar livros aos presos”, explica Rossaly, que é facilitadora de Justiça Restaurativa.


Realizada no Presídio de Xanxerê, a pesquisa constatou que há mínimas condições de leitura no cárcere. Rossaly conta no livro “Leitura e cárcere” uma de suas entrevistas mais marcantes: “Um preso foi baleado na perna pelo próprio pai, aos nove anos, ao tentar defender a mãe das violências dele. Este preso relatou que ficava tão interessado na narrativa da leitura que, quando as luzes eram apagadas no presídio, às 22h, ele podia ficar com a TV ligada até meia-noite e era o momento em que lia com a luz tênue da televisão”.“Leitura e cárcere” mostra o envolvimento de presos com a leitura, inclusive casos dos que passaram a indicar livros aos filhos e criaram o hábito de ler.

Sobre a autora: Doutora em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e mestra em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Graduada em Letras Português-Inglês e respectivas Literaturas pela Facepal (Palmas-PR) e em Língua e Literatura Espanhola pela Unoesc. É professora de Língua Portuguesa do Colégio La Salle de Xanxerê. É autora também do livro “Língua e Direito: uma relação de nunca acabar”.

 

Foto: Lyerce Lima

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