Educadores que transformaram gratidão em ação. Educadores que disseram sim a uma ação formativa diferente que abordasse, na essência pedagógica, elementos como união, fé, amor, solidariedade, afeto, abraços, memória, sorrisos, identidade, desacomodar, espiritualidade, La Salle, comunidade educativa e outros que extrapolassem os limites de um encontro planejado com tema central.

Assim foi a primeira edição do Sopão da Solidariedade, realizada na noite de 31 de maio. A ação, incentivada pela Pastoral Escolar, tem como objetivo a distribuição de porções de sopa, mensalmente, em locais alternados de Porto Alegre. Além da doação dos ingredientes, os educadores são convidados a participar do preparo do alimento.

“Sempre achei que levar comida e afeto a pessoas em situação de rua me faria chegar em casa muito mal, muito emocionada por ver misérias, flagelos e tristezas. Ontem, porém, antes da nossa saída, durante a reflexão, entendi que a doação maior seria feita a nós e não por nós”, relata a professora de Língua Portuguesa, Cristiani Fernandes.

Para ela, a ação foi uma oportunidade de rever conceitos e preconceitos e trouxe uma lição valiosa: a dignidade se constrói, se partilha: “Quero fazer mais! Quero motivar outros a fazer mais e maior. Mais do que levar comida, levamos esperança, cuidado e amor. Hoje me sinto abençoada, pois ontem ouvi muitas e muitas vezes: ‘Deus te abençoe!’”.

O Sopão Solidário contou com a participação de educadores de todos os níveis da Escola que se dividiram nas etapas de preparo e entrega do alimento. Com coletes identificados com o projeto, o grupo formado por professores e funcionários do Colégio La Salle São João percorreu os viadutos da Borges de Medeiros e da Farrapos, centro de Porto Alegre, na noite fria daquela quarta-feira.

“Nossa missão foi cumprida quando percebemos que fomos muito além de uma formação, tivemos uma transformação. Quando vivenciamos ações de amor, crescemos. Só o amor nos faz melhores. Ajudar o próximo é um ato natural, e deveria ser comum, mas o mundo líquido que vivemos faz disso algo diferente e nossas rotinas mecanizadas nos colocam tão distantes”, declara Anderson Pellisoli, Coordenador de Pastoral.

A Orientadora Educacional, Ana Paula Oliveira resumiu a experiência em uma palavra: gratidão. Mestranda em Educação, trabalha questões de alteridade na sua tese e viu na experiência a oportunidade de vivenciar aquilo que escreve: “Pesquisar e escrever sobre ética e estética é ótimo, mas viver uma experiência estética é incrível! Orgulho de fazer parte desta Escola que humaniza e vê no outro a possibilidade de um mundo melhor”.

“Na união o projeto aconteceu. Na fé ele teve sinais do amor de Deus. No amor ele se tornou capaz. Na solidariedade ele atingiu o seu objetivo e foi além. No afeto ele se colocou a serviço distribuindo além do pão material o pão espiritual. No abraço ele se tornou irmão. Na memória, ele não deixou no esquecimento a fome e a pobreza como realidades constantes do nosso país. No sorriso ele enfrentou a chuva e o frio e foi sinal de alegria em meio a tantas tristezas. Na identidade ele mostrou porque rezamos todos os dias ‘Viva Jesus em nossos corações’. No desacomodar, deixamos de lado o conforto de nossos lares para viver as mesmas chagas de quem vive nas ruas o frio e o medo das incertezas. Na espiritualidade ardeu os nossos corações, como em Emaús quando retornamos e alegres falávamos do encontro com nossos irmãos; ali estava o próprio Cristo. Em La Salle, quando abriu mão de seus bens e viveu a pobreza dos professores e de seu povo, quando sentiu as dores dos pobres e assim entregou-se totalmente a sua missão. Na comunidade educativa a grande transformação. Pois quando fizemos uma ação solidaria, aqueles que serão mais beneficiados não são os que receberão a ação, mas sim aqueles que produzem e se tornam sinais de esperança”, concluiu Pellisoli.

(Texto escrito em colaboração com a Pastoral Escolar)

Leia os depoimentos na íntegra:

Depoimento 1

Depoimento 2