Almoçar sem ter por perto um celular parece até natural, mas nem sempre é fácil para quem nasceu no mundo dominado pela tecnologia. Para ajudar os estudantes das 2ªs séries do Ensino Médio a refletir sobre o impacto dos celulares na vida de cada um, a professora de Sociologia, Sandra Balbé de Freitas, propôs uma experiência desafiadora: desgrudar da telinha por pelo menos uma hora para, juntos, almoçar e conversar em uma legítima interação face a face, sem a intervenção dos aparelhos.
A professora conta que a Indústria Cultural e os meios de comunicação foi um dos temas desenvolvido no 2ª Trimestre pelas turmas, momento em que o debate sobre o uso de celulares surgiu como exemplo de um comportamento coletivo que afeta o cotidiano social. “O uso desses aparelhos têm crescido exponencialmente nos últimos anos e passaram a ser nossos companheiros na vida social, no lazer, na escola e até mesmo na família. Entretanto, sabemos que o uso excessivo pode causar problemas de distrações, dependência, vício e medo”, afirma Sandra.
Foi nesse contexto que o questionamento sobre quanto tempo poderiam ficar sem o celular tornou-se motivo para a realização de um teste. Todos toparam e no dia marcado os estudantes almoçaram na escola sem acesso a seus celulares.
Para o aluno Alexandre Moscon, que também tocou na banda musical da escola animando o encontro, a experiência foi positiva, tendo a música ocupado mais espaço em sua cabeça do que o celular. “Não senti a falta do celular e me arrisco a dizer que teria me divertido menos com ele. O ambiente ficou legal, mais animado e engraçado e, embora as pessoas tenham se separado em grupos, ainda assim houve interações entre colegas, professores, funcionários da escola e até com o Irmão da Rede La Salle. Sinto que interagi mais”, revela.
O estudante Diego Menin considerou que a cooperação de todos em torno da proposta foi aspecto decisivo para que a experiência fosse agradável. “O tempo passou bem rápido, um ótimo sinal de que eu me entretive e consegui aproveitar o momento. Não senti falta do meu celular, nem lembrei dele, pois eu estava o tempo todo interagindo com meus amigos e jogando alguns jogos”, conta Diego, que usa muito o celular para passar o tempo.
Na visão do aluno Erick Bolzan, o almoço sem o celular também estreitou laços de amizade. “ Percebi que o almoço sem o uso do celular ajudou a nos aproximar mais, a ter mais contato com o outro, melhorando a convivência e a conexão entre os colegas. Ficamos presentes no momento que estamos vivendo, compartilhando experiências com as pessoas que também estão no local”, relata.
Para Mariana Schommer, a experiência foi incrível e revigorante. “Foi uma forma de deixarmos a correria do dia-a-dia e o celular de lado e focar mais na partilha e no pensamento em comunidade. Gostei muito de almoçar com meus amigos, cantar com e para eles, de sair um pouco da rotina e da ansiedade diária, gostei até de organizar o local com eles. Quase não senti falta do celular, apenas em alguns momentos, como quando precisava da letra para as músicas da banda, para tirar fotos e olhar o horário, admite.
A maioria surpreendeu a professora pedindo que a experiência se repetisse, mas com mais tempo sem os celulares. “Para as próximas edições poderíamos entregar o celular no primeiro período da manhã e pegar de volta só no último horário da tarde, para assim ter uma experiência melhor”, defende o aluno Fernando Zimmer Vieira.