17/11/2022

Bibliotecas

Outubro literário na Escola La Salle

Outubro literário na Escola La Salle

Mário Quintana define o ato de ler como uma dupla delícia: “O livro traz a vantagem de podermos estar só e ao mesmo tempo acompanhados”. Por meio dessas palavras, o poeta sintetiza o que está por trás de dois projetos centrais da Escola La Salle, que já acontecem há dez anos: Desperte sua sensibilidade, leia com prazer, que culmina na Mostra Literária, e o Café literário. Por meio deles, o aluno tem contato com a literatura, desenvolve interesse pelo ato de ler, descobre um novo mundo e aprende muito no processo, de forma a viver um crescimento didático e criativo. Conheça nesta matéria os frutos gerados por este projeto no mês de outubro.

Mostra Literária

Toda sexta-feira, ao longo do ano letivo, as crianças da Escola La Salle levam para casa um livro. O responsável deve ler junto delas. Durante a semana, o aluno reconta essa história para a turma à sua maneira e reproduz a narrativa por meio de desenhos. Com o tempo, esse se torna um hábito para os pequenos e um prazeroso momento em família. Essa é a dinâmica por trás do Desperte sua sensibilidade, leia com prazer, como explica a coordenadora Maviane Lima: “Nossos projetos literários possuem um peso muito grande na vida das crianças. Para além das literaturas que as professoras trabalham em sala, os alunos irão ler todo fim de semana e compartilhar a história com os amigos. Os relatos orais e os desenhos vão sendo reunidos em um livro da turma que começa a ser montado em fevereiro e é finalizado em outubro na grande festa que chamamos de Mostra Literária, quando esses materiais são entregues”.

Em 2022, a Mostra aconteceu no dia 20 de outubro, data em que o Auditório La Salle estava repleto de presenças ilustres: as crianças, seus familiares, suas professoras e o diretor, Ir. Jardelino Menegat. Ele abriu o evento agradecendo a coordenação pedagógica, administrativa, as professoras, mas também cada pai, mãe, avô e avó reunido ali. “Vocês estão acompanhando o progresso que eles estão fazendo, através dos projetos e dos trabalhos que realizam conosco. É uma responsabilidade compartilhada entre escola e família cuidar dessas crianças para serem melhores pessoas. Precisa ter essa interação”, afirmou.

Na Mostra Literária, além de receberem os livros dos seus filhos, os pais assistem a uma apresentação deles, fruto da imersão dos pequenos no mundo do faz de conta. Desta vez, eles se aventuraram nos quadrinhos: cada turma representou um personagem da Turma da Mônica, como aconteceu em 2019. A Creche III interpretou o brincalhão Chico Bento com seu chapéu de palha, seguida pela Creche III B que trouxe ao palco a comilona Magali. As crianças entraram com melancias fictícias penduradas no pescoço. Se a personagem não dispensa essa fruta, o Cascão faz de tudo para deixar de tomar um bom banho. Para trabalhar a importância da higiene corporal, o Pré I A homenageou o Cascão enquanto o Pré I B escolheu abordar o respeito às diferenças por meio da menina Mônica. Por fim, mas não menos importante, o Pré II fechou as apresentações com nada mais nada menos que o Cebolinha, o garoto arteiro que, falando “elado”, ensinou para a turma a importância do desenvolvimento da linguagem ainda na primeira infância.

Uma das revelações daquele dia foi Helena Teixeira, do Pré I A, que arrasou nos passinhos de break. Depois do show, a dançarina contou como aprendeu os movimentos. “Foi assim ó”, falou a menina enquanto reproduzia os mesmos passos feitos no palco, com direito a rodopios no chão. “Eu vi nos vídeos e treinei muito, muito, na casa da minha avó. Depois mostrei para a tia aqui da escola”, lembrou ela. E não foi somente o break que ela aprendeu: “O Cascão não gosta de tomar banho porque ele acha que a água está muito quente e vai queimar o corpinho dele ou muito gelada. Mas não pode ficar sem tomar banho”. Após a coreografia, a menina ainda recebeu um prêmio de sua avó e de sua mãe. “Eu ganhei um picolé, elas falaram que foi um espetáculo a minha dança”, se alegrou a menina.

Os olhinhos dos artistas naquele dia 20 brilhavam ao ver os parentes na plateia. “Olha a minha mãe”; “Oi mamãe”; “Cadê a minha vó?” foram algumas frases ditas repetidamente no Auditório. E lá estavam os familiares, celulares a postos para eternizar cada momento da dança. Ao final de todas as apresentações, as crianças viveram a surpresa de ver e interagir com a Turma da Mônica de carne e osso (voluntários da Ação Comunitária do Unilasalle-RJ fantasiados). Os alunos eram só animação ao ver que seus companheiros de aventura estavam ali bem pertinho. No mesmo momento que seus olhos azuis alcançaram os personagens, Aryel Xavier, da Creche III A, pôs as mãozinhas na boca e logo gritou: “Mãe é a Mônica, é a Mônica, mãe, de verdade”. Daí por diante a menina não desgrudou mais de seus ídolos.

Não mesmo, afinal Aryel e os outros 125 alunos da escola levaram a Turma da Mônica para casa. A ideia surgiu de Ingrid Toscano, animadora da Pastoral do Abel e fã dos personagens de Mauricio de Sousa desde a infância. Ela colecionou aproximadamente 70 gibis ao longo da vida e resolveu doá-los para uma nova geração de admiradores de Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão. A escola inteirou os exemplares que estavam faltando e todos puderam ganhar as histórias em quadrinhos. “O livro foi feito para ser lido, por isso o fato de estarem parados na minha estante me incomodava muito”, explicou Ingrid, “Conversando com os jovens do voluntariado, que também tinham o desejo de fazer uma ação envolvendo crianças, e sabendo da escola filantrópica que temos aqui do lado, eu pensei em unir o útil ao agradável. Eu estou muito feliz porque os gibis vão ser lidos, usados, gastos e levarão sorrisos para essas crianças, além de esperança no mundo e na leitura”.

Café Literário

Para além do projeto Desperte sua sensibilidade, leia com prazer e da Mostra Literária que o encerra, as crianças vivem também no mês de outubro uma experiência e tanto relacionada à leitura: elas recebem livros, conhecendo as obras com a ajuda de seus padrinhos. É o projeto Café Literário. Este ano a campanha de apadrinhamento se deu em parceria com a Pastoral do La Salle Abel. Alunos de Ensino Médio do colégio levaram exemplares de diversos autores e contaram as histórias para os pequenos. Bruna, de 17 anos, apadrinhou sua xará, a aluna Bruna Michelli, da Creche III A. As Brunas desvendaram lado a lado o mundo da Peppa Pig. “Eu já tenho experiência com o voluntariado, mas ainda assim me sinto realizada por estar em contato com as crianças e fazer a diferença junto delas”, explicou. A jovem tem planos de ser universitária no Unilasalle-RJ e já pensa em ingressar na Ação Comunitária para continuar atuante.

 A lassalista Diana, do 3º ano C, falou da sinfonia dos bichos para o seu afilhado Pietro Moraes, da Creche III A. Ela engajou tanto Pietro ao contar a história que o pequeno não quis dar depoimento para esta matéria; ele estava encantado com as imagens do reino animal. Diana, por sua vez, buscou sintetizar como foi viver essa experiência: “Eu gosto muito de criança. Ler essas histórias está sendo muito tranquilo e gratificante para mim”.

Para Bruna e Diana, a tarde do dia 18 de outubro não era uma estreia, por já terem apadrinhado antes alunos da Escola La Salle. Já a jovem Luana sentiu o gostinho desse encontro pela primeira vez no dia 25, ao lado da pequena Ana Clara Lima, do Pré II. “Foi uma experiência muito boa, apesar de eu estar nervosa por não saber como ia ser. Eu cheguei aqui no Auditório, a conheci, li o livro ‘Chapeuzinho Vermelho e o Leão’ para ela, desenhamos um pouco e depois foi ela quem leu para mim”, relatou.

O laço criado naqueles dias foi gratificante tanto para quem apadrinhou quanto para quem ganhou madrinhas e padrinhos. Se de um lado os jovens do Abel demonstravam encantamento com os beijos e abraços recebidos dos pequenos, de outro as crianças davam sinais de que já estavam com saudades. Lya Figueiredo, do Pré II, chorava porque queria estar com a sua madrinha mais um pouco. A amiguinha Valentina segurou sua mão de forma a consolar a amiga. Em dezembro, no entanto, Lya poderá voltar a viver esta troca por meio da campanha de Natal.

Por Mariana Monteiro / Revisão e colaboração: Luiza Gould
Fotos de Adriana Torres
Ascom Unilasalle-RJ

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