01/09/2022

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Arraiá em dobro em 2022

 Arraiá em dobro em 2022

Festa junina é tão bom, sô, que uma só não é suficiente. Para a La Salle RJ, essa frase nunca foi tão verdadeira. De forma inédita, a escola organizou duas confraternizações com direito a vestido de chita, chapéu de palha, bandeirinhas, comidas típicas, grande roda e brincadeiras. A primeira delas aconteceu dentro da escola, em espaços como a sala de aula, o refeitório e o parquinho, sendo restrita às próprias crianças. Vivida essa experiência, espécie de ensaio de retorno, a direção se sentiu segura para atender a uma demanda antiga dos pais: o retorno do tradicional Arraiá na Varanda da Galeria La Salle, que ficou novamente repleta de familiares prontos a prestigiar os pequenos. Saiba nesta matéria como a escola celebrou São João e São Pedro nos meses de julho e agosto.    

Festa julina sem sair da escola

No dia 14 de julho, a festa foi no ambiente cotidiano dos alunos, como em 2021, mas com o diferencial de um adereço a menos no look dos pequenos: a máscara. Depois da fase mais delicada da pandemia, o conforto e a liberdade voltaram a ser uma realidade para as crianças, possibilitando ainda que os sorrisos delas pudessem ser vistos durante toda a festa, algo inédito em dois anos. “Em 2022, foi possível ver as crianças mais soltas, fizemos uma ‘baguncinha’ melhor e elas se divertiram mais. Até mesmo nós, professores, nos sentimos mais seguros, corremos mais com eles, interagimos mais de perto, com certeza foi bem melhor do que antes”, avaliou a professora Ana Beatriz da Costa, da Creche III B. O tema de festa junina já vinha sendo abordado com os alunos dentro de sala de aula, para que eles pudessem estar mais familiarizados “desde o começo de junho, a partir de atividades pedagógicas e da confecção de bandeirinhas, por exemplo”. Arte e música fizeram parte desse processo de aprendizado. As crianças conversaram sobre o que é a festa junina, embarcaram em literaturas infantis que falam sobre o São João, produziram desenhos e murais relacionados ao tema, aprenderam músicas típicas e fizeram a releitura da obra “Bandeirinhas de Volpi” (Alfredo Volpi foi um dos maiores nomes da Segunda Geração de Arte Moderna no Brasil. Deixou como legado uma série de pinturas com colorido especial e ficou conhecido como o “mestre das bandeirinhas”).

Bandeirolas penduradas, escola decorada, comidas na mesa, vestidos e blusas quadriculadas, músicas escolhidas... Que comece o arrasta-pé, sô! Como em todo Arraiá, não poderia faltar a quadrilha. As crianças se mostraram animadas no refeitório, entre eles o pequeno Théo Santarém, do Pré I A: “Eu adoro dançar e minha roupa é de caipira”. Para além dessa tradição nas festas de São João, o famoso casamento na roça não poderia ficar de fora. Esse ano ficou sob a responsabilidade de Enzo Lopes, do Pré II, interpretar quem conduz a “cerimônia”. O menino vestido de padre, com a roupa confeccionada pela sua mãe, se dedicou ao papel. Antes do casamento, Enzo ensaiou, repetindo a seguinte frase pela escola: “Eu vou falar assim: estamos aqui para realizar a cerimônia do casamento de Mariazinha e Joãozinho”.

Entre uma cena e outra do casório de mentirinha, a plateia de alunos pôde se deliciar com cachorro quente, suco, milho, canjica e bolo de milho. O cardápio daquele dia cativou todos os pequenos. Helena Antunes, da Creche III, compartilhou o motivo por estar gostando tanto da festa: “É porque eu amo brincar muito e comer cachorro ‘tente’”, falou a pequena trocando as letras da palavra “quente”. Mas não foi só o hot dog que fez sucesso naquela tarde; o milho também conquistou o seu público. “Eu gosto de milho, de bolo de milho e tudo de milho, eu adoro tudo de milho”, disse a pequena Helena Teixeira, do Pré I A. O alimento também está entre os preferidos de Raquel Lourenço, do Pré I B, como ela fez questão de ressaltar: “A minha comida preferida da festa junina é o milho”.                                                    

Os pratos daquela tarde agradaram também a “realeza” eleita pelos alunos da escola. Emilly Aparecida, do Pré II, foi a rainha da festa no auge dos seus 5 anos e se mostrou satisfeita com o menu preparado: “Eu gosto de suco, milho e cachorro quente”. Seu amigo, Arthur Machado, fez jus ao nome ao ser intitulado rei. “Estou muito feliz por ser o rei porque eu nunca ganho nada”, falou o menino com um sorriso brincalhão. Assim como a alteza Emilly, ele revelou gostar dos quitutes tão característicos dessa época do ano: “Eu gosto de milho, cachorro quente e suco, para ficar bem forte”.

Arthur ainda falou sobre como se divertiu naquela quinta-feira: “Eu ganhei um carrinho e um bambolê. Eu não quis a bola, prefiro o bambolê porque dá para a gente colocar o braço e ficar fazendo assim”, disse ele enquanto girava os bracinhos com um bambolê imaginário. Já Breno Nobre, da Creche III B, optou por outras prendas. “Eu estou gostando da festa por que eu brinquei com meus amigos e ganhei uma bolinha de sabão, um carrinho colorido e uma bola”.

A festança foi tão boa que para Pietra Maia Dias, do Pré I B, pode ser resumida como “o melhor dia que eu já vi”. Mas por que, Pietra? “Porque hoje teve brincadeiras e eu ganhei uma bola que tem cheiro de uva”. Daniel Correia, da Creche III B, por sua vez, mostrou interesse mais nas brincadeiras no que no presente. “Eu gostei da festa porque eu peguei um peixinho”, falou o menino lembrando da pescaria enquanto comia seu milho. Victor Hugo Bezerra, do Pré II, foi o noivo do casamento na roça e também pôde se divertir com as gincanas. “Eu participei da pescaria, de acertar a bola na garrafa, de acertar a bola na boca do caipira e depois a gincana da latinha e a gente ganhou um monte de prêmios”.

Atividades temáticas, dança, casamento, comidas típicas, prendas, brincadeiras... Para a matéria ficar completa só falta falar de um componente: o vestuário. João Guilherme, do Pré I B, tinha no colete de feltro uma bela noite junina, com direito a céu estrelado, fogueira, bandeirinhas e “balão de fogo”, nas palavras do menino (não sendo de verdade pode viu, João?). Cada componente era feito de retalho e o look foi escolhido por sua mãe. Em contrapartida, Laura de Almeida, do Pré II, ganhou uma ajudinha masculina. “Foi meu papai que escolheu minha roupa da Turma da Mônica”, revelou a menina. E quem disse que precisa ser adulto para entender de moda? “Eu mesma escolhi minha roupa da festa”, disse Elloah Estevão, do Pré II, usando um tom de voz decidido.

Colete que o João Guilherme vestia no dia da festa

 

Retorno do tradicional Arraiá

A festividade do dia 14, em formato menor e mais reservado, cresceu e um mês depois não cabia mais na escola. Era chegada a hora de voltar para a Varanda Cultural do Unilasalle-RJ e realizar o tradicional Arraiá com a presença dos responsáveis. Apesar de geralmente acontecer em um sábado do mês de junho ou julho, em 2022 esse momento foi vivido em agosto, depois de dois anos sem os alunos poderem interagir com seus familiares na festa por conta da pandemia. O retorno foi em grande estilo. Logo na entrada do centro universitário, o pula-pula ficou pequeno diante da fila de crianças que aguardava ansiosa por um tempinho na cama elástica. Mais adiante, as professoras se dividiam no comando da pescaria, na boca do caipira e nas argolas. Também tiveram aquelas que ficaram responsáveis pela venda das fichas e pela entrega das comidas típicas (incluindo o churrasquinho e o salsichão). Próximo das barracas, Lassalinho, o mascote da escola, observava tudo de dentro da capela que, em pouco tempo, seria cenário do casamento do Pré II.

 

Entre os alunos dessa turma, que se despede da La Salle RJ, está Emilly Aparecida, filha de Paula Ferreira Pinheiro. “É uma emoção enorme estar aqui hoje, principalmente no último aninho dela. Hoje está sendo incrível a festa, eu estava com ansiedade para vê-la dançar, brincar. Vemos o quanto o pessoal trabalha para que isso aconteça, para que a gente fique feliz e isso não tem preço”, constatou Paula, aluna de Direito do Unilasalle-RJ. Paula fez ainda um balanço do crescimento da filha nestes três anos e dividiu a sua gratidão: “A Emilly era uma criança super retraída, ela se desenvolveu de uma forma inexplicável na escola, aprendeu os números, as cores, as palavras, as letras, aprendeu o nome dela, do papai, da mamãe, aprendeu a se relacionar com outras crianças porque ela tinha muita vergonha. O trabalho feito aqui é de outro mundo, eu confio de olhos fechados na equipe, é um trabalho diferenciado, proporcionando que crianças de todas as classes tenham ensino de qualidade. Com a filha caçula nos braços, Paula olhava para o horizonte com ares de esperança de que Alice possa um dia também estar ali.

Silvana Souza, de 35 anos, concretiza esse sonho em 2022 com o ingresso de José Roberto de Lima Neto na Creche III B. Sem mais a obrigatoriedade do uso de máscaras, era possível ver o grande sorriso que se formou no rosto de Silvana ao ser convidada a falar sobre a escola e o Arraiá. “A festa foi desmarcada algumas vezes por conta da Covid-19 e eu estava contando nos dedos os dias para esse chegar. Estou muito feliz, até arrepiada, porque a escola trata meu filho com muito carinho. Eu só tenho a agradecer! O dia está lindo, assim como a festa. Eu trouxe a família toda porque o José é muito amado, muitos familiares queriam estar aqui, mas como tinha um limite não puderam vir. Eu gravei tudo para que eles vejam”, contou. A enfermeira também fez menção a outras datas comemorativas pensando já em 2023 e 2024: “Haja coração para todas essas festas que virão! No Dia das Mães tivemos uma celebração dentro da escola e foi maravilhoso, como está sendo agora a festa junina próxima ao Dia dos Pais”. Como a data do Arraiá antecipava a comemoração dos papais, os alunos entregaram uma lembrança confeccionada em sala de aula.

Não faltou emoção também para eles. Edmilson Candido veio ver a filha em uma confraternização da escola pela primeira vez. O motivo de não ter vindo antes foi um grave acidente que sofreu em 2021. Ainda se recuperando e fazendo cirurgias, Edmilson veio de muletas acompanhado da esposa Hayume e de outros familiares para viver um recomeço. Um recomeço com Maria Clara, da Creche III A, diante de seus olhos, vestida de caipira e gritando pelo pai na hora de entregar o presente.

Edmilson Candido, pai da pequena Ana Clara

 

Por Mariana Monteiro, Maria Eduarda Barros e Luiza Gould / Revisão: Luiza Gould
Fotos de Adriana Torres
Ascom Unilasalle-RJ

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