01/08/2019

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Dez anos de história

Dez anos de história

Os grandes olhos castanhos passeavam assustados por entre as pequenas cadeiras, as mochilas vermelhas, os corredores, e a professora com seu uniforme azul e branco. Vitória Soares tinha 3 anos quando entrou em uma escola pela primeira vez. O então Centro Educativo e de Promoção La Salle (CEPLAS), onde a menina tímida chegava, também vivia a sua estreia: recebia crianças pela primeira vez. Dez anos se passam. Os grandes olhos castanhos agora observam uma placa trazida pela sua dona. Caminhando em direção ao altar, Vitória e sua sobrinha Aline, também ex-aluna, oferecem em Ação de Graças a Deus dois legados. Aline carrega o Lassalinho, mascote criado para fazer memória ao fundador da Rede La Salle e aos 300 anos de um sonho. Vitória carrega um número: 1.168, a quantidade de vidas cujas histórias possibilitaram que a Escola La Salle Rio de Janeiro tivesse hoje a sua história. Dez anos dela.

 

Inaugurada em 18 de julho de 2009, a escola iniciou as aulas no dia 17 de agosto, ofertando Educação Básica de qualidade e em período integral a 70 crianças de baixa renda, entre 3 e 5 anos de idade. Vitória, que atualmente cursa o 6º ano do Colégio La Salle Abel com bolsa, era uma delas. Em 2010, apenas seis meses depois da abertura, já seriam 100 vagas preenchidas. Desde o primeiro dia de atividades Maviane de Lima, formada em Pedagogia pelo Unilasalle-RJ, já desejava fazer parte da equipe. Após enviar 30 currículos, foi chamada para atuar em sala. No último dia 26, quando a escola celebrou a sua década em solenidades repletas de homenagens, coube a ela, atual coordenadora da Escola La Salle RJ, o papel de resgatar lembranças:

“São muitas, um filme se passa em nossas cabeças quando lembramos do ‘Cineminha’, com a participação do nosso querido Ir. Hilário, que sempre caprichava nas pipocas, dos banhos de mangueira no verão, das comemorações de aniversário dos alunos, das festas juninas na Galeria La Salle, do tradicional Auto de Natal, dos apadrinhamentos que aproximaram os discentes, professores e colaboradores de toda a Rede La Salle de Niterói, dos relatos de agradecimento dos pais, dos momentos de formação que nos levaram às reflexões profundas e, enfim, das emocionantes despedidas dos que encerravam o ciclo na nossa unidade”.

 

 

 

CELEBRAÇÃO COM COLABORADORES E PROFESSORES

Imagens do que Maviane narrava foram exibidas durante toda a confraternização no Centro Cultural La Salle. Foi para lá que a equipe da escola, junto de convidados do Colégio La Salle Abel e do Unilasalle-RJ, se dirigiu após missa celebrada pelo Pe. Antônio Sobrinho na Capela do Abel. O capelão esteve presente na inauguração do então CEPLAS há dez anos e citou durante sua homilia o “presente” recebido por Niterói com a abertura da escola. “A cidade herdou um tesouro tão grande por ter sido seu um terreno fértil para essa obra de fé, que se propõe a fazer o bem. São dez anos de história, de seriedade, acolhimento, amor e, acima de tudo, da semente de La Salle no coração dessas crianças, que é a semente do Evangelho”, assegurou o padre.

 

 

Padre Antônio Sobrinho no dia da inauguração do então CEPLAS e na missa dos 10 anos 

 

São João Batista de La Salle iniciou a plantação a que se referiu o celebrante em 1679 ao alugar uma casa e ali fundar a sua escola. De Reims sua filosofia se espalhou por cerca de 80 países e segue viva também por conta da Escola La Salle Rio de Janeiro, que tem em sua essência o significado primeiro da obra lassalista. Afinal, o sacerdote francês abdicou de sua origem nobre para ensinar crianças pobres. O caráter social está nos alicerces da La Salle RJ, sendo citado em mais de um objetivo da fundação do espaço. Conheça-os abaixo:

1.Acolher 100 crianças de famílias muito carentes, em tempo integral;

2.Apoiar a formação e promoção social das famílias dessas crianças;

3.Preservar a área do Pé Pequeno do assédio de traficantes e das drogas;

4.Promover transformação social do entorno do Unilasalle-RJ;

5.Oportunizar, de forma visível e sensível, aos alunos universitários, participação nessa obra de redenção, de tal forma que a vida acadêmica do Unilasalle-RJ sentisse o valor da presença infantil, com fraternização entre grandes e pequenos;

6.Proporcionar às crianças esmerada preparação intelectual, aquisição de práticas comportamentais e de valores humanos, como base substancial para bem ingressarem no Ensino Fundamental;

7.Oferecer espaço onde alunas e alunos de Pedagogia do Unilasalle-RJ pudessem exercer iniciação ao magistério.

As metas compunham texto escrito pelo Irmão Ignácio Lúcio Weschenfelder, o primeiro diretor da escola. Impossibilitado de participar da celebração no dia 26, ele não deixou de se fazer presente por meio das palavras lidas pelo vice-diretor do Colégio Abel, Irmão Olir Facchinello. “Para a felicidade de toda a família lassalista de Niterói, nos seus dez primeiros anos, a Escola La Salle Rio de Janeiro não apenas alcançou os objetivos, mas, principalmente, viveu-os intensamente”, afirmou, “Que a memória celebrada, hoje, anime os corações no mesmo impulso do amor à infância; faça crescer a vida, pela fé, esperança e caridade cristãs. E, reunindo tudo isso, possamos proclamar, alto e bom som: La Salle vive hoje e viverá amanhã, aqui e onde houver lassalistas”.

 

Irmão Olir Facchinello lê carta escrita pelo Irmão Ignácio Lúcio Weschenfelder ao lado de Maviane de Lima 

 

O Irmão Ignácio Weschenfelder foi uma das autoridades contempladas com certificado pelo empenho à escola. Além dele, receberam a homenagem o Irmão Claudio Henrique Moreno, primeiro coordenador administrativo da La Salle RJ; Angelina Accetta, por se empenhar na formação das educadoras; os colaboradores Elane Martins e Fabiano de Paula pela dedicação ao longo dos 10 anos à escola e, pelo mesmo motivo as professoras Fernanda Golvêa, Fernanda de Paula, Maria Eucy Soares e Shirley Adão. O agradecimento à Província La Salle Brasil-Chile foi entregue ao Irmão Flavio Azevedo, diretor de Gestão, Ecônomo e Secretário Provincial, representando o Irmão Provincial Olavo Dalvit.

 

 

 

De cima para baixo, da esquerda para a direita: Irmão Flavio Azevedo recebe certificado pela Província; Irmão Claudio Moreno; Angelina Accetta; Os colaboradores Elane Martins e Fabiano de Paula; e as pedagogas com dez anos de casa

 

O representante provincial também compartilhou com os presentes um discurso, para além dos diretores da escola, Irmão Jardelino Menegat e Irmão Fabrício Heinzmann. Azevedo citou a La Salle RJ como a “filha mais jovem da Rede no Rio de Janeiro”, leu um conto e afirmou que as crianças são “pequenas obras de arte que as famílias lhes confiam. Quem atua em sala de aula sabe que esta não é uma tarefa fácil. É preciso muito jeito e paciência, pois cada criança tem o seu ritmo próprio e uma maneira característica de construir o seu aprendizado. Mas com o trabalho dedicado, aos poucos as arestas vão sendo aparadas”. Menegat, por sua vez, citou um crescimento mútuo entre alunos e educadores: “Nós firmamos uma aliança com as crianças mais pobres. Porque nós cuidamos delas nós somos cuidados”. Já o Irmão Fabrício Heinzmann celebrou o fato de conseguir fazer parte de pelo menos 25% da história desta década, “tempo suficiente para perceber a importância dela”.

 

CELEBRAÇÃO COM AS CRIANÇAS

Ao falarem sobre o que já aprenderam, as próprias crianças materializam a relevância da Escola La Salle Rio de Janeiro. Laura Cristina Malheiros, de 5 anos, logo atesta: “Eu aprendi que a palavra rato se escreve RA – TO”. Ana Luiza Rezende, da mesma turma, não demora a completar: “Eu aprendi que 1 mais 2 é 3”. As amigas eram só alegria no dia 31 de julho, quando foi a vez dos pequenos comemorarem a década da escola. Na festa organizada para os alunos teve pipoca, suco, pirulito, bolo com confete e muita energia na hora de cantar o “parabéns a você”.

E se em todo aniversário desejam-se votos para o aniversariante, desta vez não seria diferente. “Eu desejo que as crianças se comportem e sejam felizes aqui na escola. Eu sou feliz”, diz Ana Luiza. Já Laura almeja a criação de novos laços: “Eu desejo que todas as crianças sejam amigas”, atesta, contemplando o horizonte com seus grandes olhos negros.

 

 

 

 

 

Por Luiza Gould

Fotos de Camila Reis e Giovanna Sena

Ascom Unilasalle-RJ

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