Flores na chita usada por cada professora, estagiária e coordenadora. Nas saias dos vestidos das meninas, a fazenda aparece junto de rendas e muitas fitas. E se transforma em corações, bandeirinhas, presos nas calças dos meninos. Não satisfeitas em ficar apenas nas roupas, as cores se multiplicam em cada cantinho ao redor. Elas alcançam as toalhas de mesa, as barraquinhas, o dizer “Arraiá Infantil” pendurado em destaque, os trabalhos das crianças, com sanfoneiros e balões de São João, a Igrejinha, onde logo acontecerá o casamento na roça, as prendas das diversas brincadeiras juninas, as bolinhas da piscina montada para a diversão ser em dobro, as muitas delícias preparadas com dedicação para satisfazer os paladares dos visitantes. Nessa folia de tons, não podia faltar a mistura do vermelho com o amarelo, bem no coração da Varanda Cultural. A fogueira anuncia: o Arraiá da Escola La Salle Rio de Janeiro começou!

E na festa julina de 2017 teve correio do amor, boca do palhaço, pescaria, argola, pula-pula, além, é claro, de muita dança. O repertório começou com o 1º período. Os pequenos dançaram ao som de “Chegou a hora da fogueira”, “Capelinha de Melão” e “Cai cai balão”, encantando os presentes a cada gesto milimetricamente ensaiado. Em trechos como “quando eu era pequenino de pé no chão”, os aluninhos levavam uma perna à frente, pisando com afinco. Já em “São João está dormindo”, cada um unia as mãos, posicionando-as na orelha.

No caso do 2º e 3º períodos, uma coletânea de músicas embalou a quadrilha, mais elaborada, contendo caracol, túnel, cerrote e dança a dois. O repertório mesclava tanto forrós, quanto funk e sertanejo universitário. As crianças, no entanto, não ficaram só no arrasta pé. O 2º recitou o livro “Mês de junho tem São João”, dos violeiros Fábio Sombra e Sérgio Penna. Cada criança ficou responsável por ler um trecho e cumpriu a tarefa feito gente grande. Já a turma que se despede este ano, trouxe casamento em dobro. O 3º B preparou sua própria cerimônia, seguida pelo 3º A. O resultado? Dois noivos, duas noivas, dois pais da noiva, dois padres e duas histórias. Em uma, o noivo queria fugir do matrimônio, na outra era ela que não queria juntar os trapinhos. Todos vestidos a caráter, com o texto na ponta da língua.  

Pode parecer difícil se levarmos em conta a quantidade de pessoas no Arraiá, e o fato de muitos alunos serem tímidos. Trabalhar a comunicação, no entanto, é uma das conquistas atribuídas à La Salle RJ pelos pais. Amanda Bastos, de 34 anos, chora ao citar o bem que a escola fez à filha Morena, do 2º período. “A Morena é nossa única filha, perceber como ela é tratada, como ela é cuidada na minha ausência é maravilhoso. Desde a primeira semana ela foi acolhida, percebo até hoje o quanto ela é querida. Minha filha é feliz nesta escola como não foi em outras”, comentou na ocasião, “Hoje vejo outra criança. A Morena não falava com ninguém, só se escondia, não dançava nas apresentações, ficava o tempo todo comedida. Com a La Salle RJ ela fica à vontade, participa da quadrilha, passou a gostar de se fantasiar, se pintar, fica muito ansiosa, participa dos ensaios, e, no final, arrasa”.

A aluna se junta a outras 99 crianças, que, “oh, égua”, fizeram bonito por demais no Arraiá. Nessa grande brincadeira teve até coroação. Os pais receberam o desafio de vender rifas, e, aqueles com maior arrecadação, deram aos seus filhos o título de rei e rainha caipira de cada turma. A partir da verba, a escola comprou bonecas para as meninas e heróis para os meninos. No 1º período, levaram o título Emanuelle Ribeiro e Lourenzo Rangel da Costa Coutinho. No 2º, abram alas para Julia de Albuquerque Dantas Pereira e Pedro Lucas Alcântara Gomes. O 3º A ganhou como rainha Ana Júlia Aleixo Neto e como rei Yago Davi Soares de Sousa. Por fim, o 3º B corou Margarida Maria Arantes Amaral e Luiz Otávio da Cunha Cruz.

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