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Para a reflexão deste mês de julho, trago um extrato da conclusão do texto apresentado no artigo, com o Título “As famílias na pós-modernidade e o desenvolvimento moral” na Revista STUDIUM/MT - Set 2016, A sociedade ocidental teve seu início com fortes influências dos fundamentos éticos cristãos e que, a partir do iluminismo, foram submetidos a um sistemático processo de racionalização e secularização, e que agora parecem que se esgotam e começam a ser substituídos por outros, entre eles a ética utilitarista e de mercado. Petrini (2003, p. 178) afirma que o mercado realiza um radicalismo inédito onde, sua vocação de ser ‘auto-regulado’ invade todos os aspectos da vida pessoal e social, inclusive os valores íntimos da vida familiar e de consciência pessoal, difundindo seus princípios e critérios, valores e métodos de vida e intercâmbios, realizando a mais ampla ‘colonização do mundo da vida’, como se refere Habermas (1988).

A tentativa de Habermas de conciliar os avanços da racionalidade e da democracia na sociedade moderna, destinada a construir uma nova universalização, perdeu-se nos fragmentos e conflitos da pós-modernidade. Ele busca privilegiar a intersubjetividade pela qual se poderia chegar a um entendimento entre as pessoas graças à coordenação mútua de suas propostas de verdade e ações, em vista do consenso. Mediados pelo diálogo, as pretensões de validade abrem caminho para um processo de racionalização de práticas interativas, nas dimensões cognitiva, normativa e expressiva, onde o diálogo tem a possibilidade de proporcionar entendimento, consenso e redução dos conflitos a formas racionais de convivência, em contexto democrático e pluralista. Na fase inicial da reflexão, não há espaço para a religião no esquema de Habermas. Citando o autor:

"A consciência religiosa, nas sociedades industriais do ocidente, es-tá em vias de dissolver-se.
A religião, sob o signo de um ateísmo de massa que se delineia pela primara vez com clareza,
perdeu em ampla medida a sua larga influência e, com isso, as suas funções ideológicas. A
unidade do mundo não pode mais ser garantida objetualmente através das hipóstases de
princípios criadores de uni-dade - Deus, o Ser, a Realização da Razão"
(Petrini, 2003, p. 117, apud Habermas, 1988).

A insistência sobre os direitos e não sobre os deveres deixa entrever razões pessoais e não humanas e sociais das decisões morais. Eles refletem a tendência da ética da racionalidade autônoma e livre do homem, que ressalta a função autolegislativa do ser humano, defendida por Kant. Petrini (2003, p. 179) afirma que se percebe o “paradoxo segundo o qual certos ‘direitos’, defendidos como sinal de uma maior liberdade, constituem, na realidade, a mais sutil submissão à lógica do mercado”. Por quase dois milênios, o patrimônio de moralidade cristã constitui-se em suporte ético para a sociedade, mas nestas afirmações do mercado atual, não mais tem necessidade do aporte da tradição cristã, pois é demasiadamente crítica diante da prevaricação do poder.
 

Lucas do Rio Verde, julho de 2017.
Prof. Dr. Nelso Antonio Bordignon, fsc
Diretor Geral - Faculdade La Salle

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